Ao vivo Metrô

Desenhar no Metrô requer prática. Primeiro por causa do movimento do trem e depois  pela proximidade das pessoas. É preciso discrição e rapidez.
Traços rápidos e simples captando a essência do retratado. Gosto muito das texturas e gráficos de algumas roupas e cabelos.


















































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Há alguns anos atrás eu comecei a desenhar no Metrô no trajeto entre a minha casa no bairro de Copacabana e o meu estúdio na Tijuca. Exatamente 13 estações. Todos os dias entre segunda e sábado, eu desenho. Percebo no Metrô que alguns escutam música, outros colocam o papo em dia com colegas de viagem, outros leem e eu, porém, prefiro desenhar essas mesmas pessoas.
A primeira dificuldade é o balanço do vagão que exige um cuidado e uma rapidez no traço para não errar e depois a escolha do modelo certo. Poder observar ao seu redor é saborear a própria vida com alegria.
Quando se apura o olhar, acaba conseguindo enxergar o que outros não veem. É gratificante. Fico ali observando os diferentes traquejos e vestuário e em quase toda viagem sempre tem um ou outro que me desperta a desenhá-lo.
Às vezes eles estão a pouquíssimos metros de distância e em alguns casos, alguns poucos centímetros mesmo. É preciso ser muito rápido e ter um olho preciso e discreto. Quase um “ninja”.
Algumas pessoas quase te convidam a desenhá-las. Seja por uma pose inusitada, uma roupa diferente, um penteado engraçado ou mesmo algumas expressões que elas mesmas não se percebem que fazem. Mas lá estou eu a retratá-las no instante dos segundos que se perduram pela eternidade.
Eu amo desenhá-las. Nunca tive a preocupação de retratar esse cotidiano com exatidão de detalhes. O momento é o mais importante. É ele que ficará estampado em meus desenhos, portanto não há tempo a perder com dobras de roupa acabadas ou proporções exatas. Os desenhos devem respirar a vida.
É um prazer preencher ao menos uma página do Sketchbook por dia. Vejo isso como uma missão.  Com isso vou descobrindo a vida nos vagões do Metrô. Uma vida além do cotidiano. Além dos trilhos.
Além de mim mesmo...


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